Há uma antiga lenda indígena segundo a qual toda mulher deve saber trançar os próprios cabelos, pois em um momento de perda, acompanhado de uma profunda tristeza, poderá entrelaçar os fios de modo que a dor fique presa nos cabelos e não corra o risco de espalhar para o resto do corpo!

Inclusive, há quem diga que tudo que vivemos fica registrado em nossos cabelos e que cada fio pode permanecer por até cinco anos preso à cabeça. Por isso, “trança a tua tristeza”, diziam as antigas mulheres, “trança sempre a tua tristeza”.

Em outras tradições é exigido dos iniciados que raspem os cabelos como prova de abandono ao passado e representação de uma nova vida. Na época de Sidarta Gautama, o Buda, os cabelos compridos eram um símbolo de realeza.

Por isso que o “iluminado” os cortou, como demonstração de determinação de renúncia e desapego e busca incessante pelo fim do sofrimento.

 

A perda como uma possibilidade de superação

A carta da perda no Oráculo da Mulher Selvagem traz o registro de um desses momentos. Uma mulher segura alguns poucos fios de cabelo em sua mão, mas com a outra, tapa o rosto em sinal de sofrimento e dor. As flores ao seu lado parecem chorar com ela e abandonam as suas próprias pétalas em uma atitude de solidariedade.

No entanto, como ela descobrirá em breve, mesmo sem um único fio de cabelo, a mulher permanece mulher, assim como uma flor sem nenhuma pétala, ainda é flor. Esse abandono é doloroso, mas significa que a possibilidade do novo finalmente está disponível.

Essa carta convida a olhar para o que você precisa abandonar em sua vida neste momento. Quais histórias estão trançadas em seus fios? Que pesos carrega no topo da cabeça e precisa deixar ir?

Talvez você seja uma pessoa vaidosa e que precisa descobrir a beleza que existe para além de toda a superficialidade. Ou, ao contrário, você se importe tão pouco com a aparência, que pode ser “apagada” diante do mundo.

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Como lidar com a perda através do desapego?

Quando a vida oferece lições de desapego, particularmente amargas, é interessante observar que uma parte dentro de você não quer deixar ir. É a dor de uma criança emocional.

Ou talvez, a pergunta seja: qual o ganho em manter tal situação em sua vida? Essa pode parecer uma pergunta sem sentido, mas mesmo nas situações mais desafiantes, pode existir um ganho secundário.

Um exemplo é uma pessoa. que adoecida. recebe atenção do seu objeto de desejo. Ou alguém em um casamento infeliz, mas do qual depende financeiramente. Nas duas situações existe um ganho secundário. Enquanto esse ganho não for trazido para a consciência, é muito difícil abandonar o que quer que seja.

É a hora de você olhar para a “força dos seus cabelos” e pensar no que eles te revelam!

A dor de uma perda é inevitável, mas o sofrimento, em muitos casos, é opcional!

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