Uma imagem com muitos símbolos que fazem relação com o tempo, eis a Senhora do Tempo. No primeiro plano, há uma mulher nua, ela tem o rosto tranquilo, sereno e à frente do corpo, traz um relógio que rasga com as mãos. Atrás dela, vemos um tabuleiro de xadrez em que algumas peças permanecem: a rainha, a torre e alguns peões.

Qualquer um que já tenha se dedicado a esse jogo, sabe o tempo que ele demanda, seja para aprendê-lo ou para finalizar uma partida.  Nos céus, ao lado esquerdo do personagem, vemos a lua em seus ciclos variados e, ao lado direito, temos Saturno.

Qual seria a relação entre a Mulher Selvagem e o Tempo que a carta tenta nos transmitir?

A senhora do tempo: apontamentos do Oráculo da Mulher Selvagem

A mulher, quando desprovida de conhecimento e domínio do tempo, pode ser consumida pelo excesso de afazeres ou, em um sentido oposto, pela procrastinação. Essas duas variantes são faces de uma mesma moeda. Nunca ter tempo para si é tão terrível quanto ter todo o tempo e não saber como administrá-lo.

Não é à toa que A Mulher que Sabe, que é uma das muitas faces da Mulher Selvagem, também pode ser denominada como aquela “que mora no final do tempo”.

Na imagem da carta vemos a mulher com um relógio que ela não apenas segura, mas também rasga, demonstrando que além de aprender a lidar com o tempo, o domina. Ela pergunta: como é a sua relação com o tempo? É consumida pelas horas ou já aprendeu a poupar uma parte do dia para seu próprio cuidado?

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A mulher parece estar sobre um tabuleiro de xadrez, que é um formidável jogo que fala não apenas sobre o tempo, mas representa o conflito entre as forças opostas e as habilidades e estratégias que adquirimos ao longo da vida pra superar os desafios. Nesse sentido, as partidas do jogo, apesar de longas, exigem rapidez de seus jogadores, que precisam pensar e repensar suas táticas a fim de alcançar a vitória.

Na carta vemos algumas peças, vamos analisar cada uma.

Entendendo as peças do jogo de xadrez como uma metáfora de atenção para as vidas das mulheres

A Torre é a maior peça do jogo e possui um grande valor estratégico. Ela representa a capacidade de defesa e os conhecimentos secretos que antigamente eram guardados pelas Ordens e pelas Sociedades Secretas. Sem um forte instinto de defesa, a mulher torna-se indefesa diante do tempo e da vida.

Outra peça em destaque no tabuleiro desta carta é a que simboliza a Rainha e que, no jogo de xadrez, essa é a peça mais importante. A Rainha é a peça com maior liberdade de movimentos. A Rainha é a peça que possui maior valor. Ela pode ir em todas as direções sem limite de casas que pode percorrer.

Ela é mais poderosa que o Rei, que é limitado a andar apenas uma casa em qualquer direção. Esse caráter irrestrito que se apresenta nos movimentos da Rainha, no jogo do xadrez, remete-nos à grande possibilidade de expansividade feminina, porém, junto a essa marca, temos também a inconstância.

Também é possível ver alguns peões derrubados e um de pé. O que nos diz que perdas foram sofridas. Na verdade, é impossível chegar ao final da partida sem sofrer qualquer tipo de perda ou dano. Você recorda as perdas que vivenciou para chegar até onde está agora? Consegue honrar suas peças de peões derrubados se rendendo à dor da perda?

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A mulher precisa usar toda a sua força para parar com as repetições, principalmente aquelas que foram herdadas da figura materna. É preciso um alto nível de consciência e de presença para romper com aquilo que sempre volta a assombrar.

A carta da Senhora do Tempo fala sobre a importância de deixar para trás o pai saturnino e a mãe lunar, pois apenas assim é possível superar as repetições que acometem determinadas mulheres. Essa carta fala sobre as guerras que ocorreram, como demonstra as peças derrubadas do xadrez, mas isso também ficou no passado. A Mulher Selvagem sabe lidar com o tempo sem ser dominada por ele.

E você, já aprendeu essa lição?

Tags: A mulher e a passagem do tempo, A Senhora do Tempo, oráculo da mulher selvagem, sagrado feminino